“É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã, porque se você parar pra pensar, na verdade, não há.” Esse trecho da música “Pais e Filhos” de Legião Urbana, podem dizer que é o clichê dos clichês, já falado e já batido. Eu concordo. Mas justamente por isso a gente esquece isso, que não é óbvio por ser idiota, mas por ser tão fundamental para a nossa felicidade. E mesmo assim, cada vez que ouço, me dói pensar como não seguimos à risca.
Sim, eu sei, a gente se decepciona, vivemos em mundo frio cheia de pessoas egoístas e que querem tirar proveito de tudo, e nem sempre é possível identificá-las. Mas amar não significa fazer tudo por alguém, se submeter, sabe? Até porque o amor próprio deve vir em primeiro lugar. Amar é querer o bem, é ajudar, é estar do lado mesmo na distância. É estar disposto a compartilhar momentos, as alegrias e as tristezas. É evitar cair uma lágrima, e se não for possível, ajudar a secá-las. É não abandonar. É não deixar que a pessoa se afaste. É se certificar de que está tudo bem.
Eu não sei em que momento eu errei, eu que momento mudei, e deixei que o tempo me afastasse de pessoas que amo. E que hoje não estão mais próximas de mim como antes, mas que estão na minha memória, e tudo o que foi vivido não será mudado. É difícil perder pessoas sem razão, apenas porque você deixou que a vida fizesse isso. Tenho amigos eternos, que sempre estarão comigo, e sinto verdadeira alegria ao me deparar com eles. Abraços afetuosamente, sorrio com sinceridade, e parece que estamos de volta à nossa melhor época. Mas sinto saudade pela presença. Porque quando esses amigos não estão, eu esqueço. Assim como esqueço tudo o que não está no meu cotidiano, nessa mentalidade prática do nosso século – e que também contribui para tudo isso. Mas encontrar esses amigos e reviver o passado é constatar que eles não estão mais no meu presente. É ver como nossas vidas tomaram rumos diferentes, que não sou a mesma garotinha ou adolescente de antes. E que não estávamos compartilhando tudo isso. Simplesmente, caminhamos em direções diversas, e o curso da vida que faz com que continuemos acaba por nos convencer que aquelas pessoas não fazem mais parte do nosso mundo. Como se o amor fosse objetivo.
E eu queria, de verdade, mudar isso. Eu queria encontrar exatamente o ponto em que erramos, em que nos afastamos. Quando começamos a considerar nossa rotina prioridade e deixamos de nos importar uns com as vidas dos outros como se uma fizesse parte da outra. Porque todos nós estamos ligados. Mas estamos trocando os laços do afeto pelos das obrigações, das conveniências, das rotinas, do simples convívio social.
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