Antes que me julguem: não estou falando do vício do álcoolismo. Estou falando da bebida esporádica em festas, ao ir ao barzinho com amigos, coisas do tipo. Tudo que se torna frequente e vira vício, começa a comprometer a saúde, deve ser parado. Se você tiver amor próprio ou pessoas que ame e sofram com isso, ao menos.
Não, não virei uma alcoólatra, não mudei em função das pessoas que estão à minha volta e nem sou alguém que está defendendo uma idéia pra pagar de legal, liberal. Até porque passo mais de um mês sem beber e não sinto falta, meu comportamento definitivamente não é igual ao da maior parte das pessoas que convivo, e se um dia fiz questão de pagar de liberal, hoje não faço. Até porque meus pontos de vista espantariam se eu pudesse encontrar comigo mesma a 3 anos atrás. E sim, obviamente mudei. Mudanças fazem parte, são sinal de amadurecimento. Na minha adolescência, nunca segui os padrões considerados mais legais pelos outros. Não é agora, que sou uma jovem adulta (embora ainda soe estranho para mim mesma dizer isso, mas não há como fugir), que faria isso.
E quem era essa Juliane de três anos atrás? Entre outra coisas, pois obviamente não me limito a isso, eu era uma pessoa que estufava o peito ao dizer: “Não preciso beber para me divertir.” E isso não era uma mentira. Só que acontece que hoje bebo, pouco, muito, dependendo da ocasião e do meu estado de espírito. Não sou do tipo que dá vexames, embora já tenha pago algum mico aqui ou outro ali por conta disso. Mas no mais, conheço meus limites e bebo só o suficiente para me sentir bem. Ou não bebo, se no dia optar por isso.
Estou querendo dizer que não me orgulho mais de mim? Ou que hoje preciso beber para me divertir? Nenhum dos dois. Na verdade, eu descobri que beber não é sinônimo de precisar da bebida para se divertir. E portanto, não beber não é orgulho, é opção, não te faz mais livre. Pelo contrário. Dependendo da razão de você não beber, pode te prender na própria repressão.
Eu me sinto solta sim, sem bebida, em situações que eu esteja muito feliz e realmente queira. Mas não diga que é a mesma coisa que com a bebida se você não bebe. A bebida desinibe, te deixa solta, te faz sentir que pode quebrar os limites, se você quiser. E se você já quer quebrá-los, não culpe a bebi
da.
Beber ou não beber é opção. Quem nãobebe e apenas fica rindo da cara de quem está bebendo, acusando qualquer empolgação a mais de ser culpa de ele estar bêbado, e com aquela cara de repressão, quer se convencer que é o fodão. Quando na verdade, fazer isso apenas o faz se sentir melhor. Não libera suas tensões, suas energias, e não quer que os outros o façam também.
Quer saber? Quem não bebe, não quer beber, respeito totalmente. Só não me julgue pela minha opção de beber. Tenho valores, concepções, opiniões formadas. Bebida não é necessidade. Só que acontece que eu também preciso às vezes chutar o pau da barraca e lembrar que também sou humana. Desconstruir o meu mundo para depois reconstruí-lo, e não perder a razão por ter tanto juízo.